Longevidade: modo de usar

Por Mariza Tavares — Rio de Janeiro


A maioria prefere envelhecer ignorando as mudanças – algumas sutis; outras, nem tanto – que acompanham esse novo ciclo. Não somos mais aqueles adultos na faixa dos 30 ou 40 anos, e acredite: reconhecer isso é um alívio! Em vez de se apegar ao que você já foi, simplesmente se liberte e aprenda a dar adeus ao seu antigo eu. Como toda fase da nossa trajetória, o envelhecimento embute experiências positivas e desafiadoras. Com o tempo, nos tornamos mais seguros e equilibrados, deixamos de nos preocupar com o que vão pensar de nós. No entanto, mesmo adotando um estilo de vida saudável, o corpo não tem o vigor de décadas atrás. Entre ganhos e perdas, acho que vale a pena conhecer as cinco etapas do processo de luto. Por quê? Porque o luto não acontece somente quando uma pessoa querida morre – ele também ocorre quando deixamos para trás a juventude, amigos, casamentos...

Idoso andando na praia: reconhecer que não somos mais adultos de 30 ou 40 anos é um alívio — Foto: Arek Socha para Pixabay

A primeira etapa é a negação, quando a gente evita tocar no assunto que provoca tristeza e angústia. Há quem se recuse a falar sobre a velhice, como se a atitude funcionasse como um freio que impedisse a passagem dos anos. Em seguida, vem a raiva: dominado pela frustração e pelo medo, você se irrita quando alguém lhe pergunta como está se preparando para a vida após a aposentadoria, embora saiba que é seu dever de casa (comportamentos autodestrutivos são comuns nesse período). Depois, a barganha, ou negociação: um estágio que se assemelha ao vaivém de uma gangorra: “e se tivesse feito as coisas de tal forma?”; “se fizer isso ou aquilo, talvez possa dar um jeito na situação” são pensamentos recorrentes. Na sequência, a depressão é uma fase de dor intensa, que pode demandar ajuda psicológica, daí a importância ter uma rede de afeto e apoio. Por fim, a aceitação é o momento no qual nos damos conta de que vivemos uma nova realidade.

Posso usar, como exemplo, o luto profissional. Até a aposentadoria, nossa identidade está fortemente atrelada ao ambiente de trabalho. A pergunta: “o que você está fazendo?” é o norte de qualquer conversa e muitos se melindram quando não dispõem mais de referência tão relevante. Você pode inclusive continuar atuando e sua profissão nunca deixará de ser parte fundamental da sua trajetória, mas também é preciso valorizar outros papéis, na família, no círculo de amigos, na sociedade. Pense se prefere olhar pelo retrovisor e alimentar mágoas e ressentimentos, ou fazer um pacto para apreciar todos os anos que tem pela frente da melhor maneira possível: cuidando da saúde, compartilhando o que sabe e aprendendo coisas novas, saboreando o que conquistou. Você pode optar por se nutrir ou se esgotar.

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