Autoridades e figuras ligadas ao setor de educação lamentaram a morte de João Carlos Di Genio, fundador do Grupo Unip/Objetivo. Ele morreu na noite de ontem aos 82 anos.
O ministro da Educação, Milton Ribeiro, disse que Di Genio era um homem diferenciado e de história honrada. “Suas contribuições para a educação brasileira permanecerão como bom legado.”, escreveu no Twitter.
Também pela rede social, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes manifestou pesar. “Um dos maiores fomentadores do ensino no país. Grande entusiasta da educação, Di Genio inspirava seus projetos na concretização dos sonhos de seus alunos. Meus sentimentos aos amigos e familiares”.
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A senadora Katia Abreu declarou que Di Genio era um empreendedor de sucesso, exemplo de discrição e amor à educação.
O médico Drauzio Varella foi sócio de Di Genio na concepção do curso pré-vestibular Objetivo e falou ao Valor sobre o amigo. “O grande mérito dele [Di Genio] foi pegar um cursinho que nós começamos juntos, um curso de vestibular para medicina, e conseguiu construir a partir dali um grande centro educacional que chegou a ser a maior universidade privada do país”, comentou. “Foi um desbravador.”
Para Drauzio, Di Genio também foi um visionário ao identificar que as universidades públicas não teriam condições de se expandir de acordo com a demanda por educação, o que o levou a criar a Unip. “Ele conseguiu ver isso e se antecipou. Hoje é fácil, tem tantas por aí, mas naquela época não era coisa para qualquer um”.
Uma característica marcante da personalidade de Di Genio que o ajudou a construir o grupo Unip/Objetivo foi o equilíbrio emocional. “Ele era absolutamente centrado. Tinha uma ideia fixa, só pensava na escola o tempo inteiro. Não tinha veleidades intelectuais, de viajar, ir a festas. E, quando tinha uma ideia, ouvia a opinião dos outros até ter a segurança de qual era o melhor caminho. Por isso conseguiu construir o que construiu”, revelou Drauzio Varella.
“Um dos problemas do envelhecimento é que você vai perdendo fragmentos da sua vida com cada pessoa. Naquela época, a gente tinha sonhos grandiosos no Brasil. Sonho de acabar com o analfabetismo. Vivemos uma fase no Brasil em que os jovens tinham grande comprometimento com o país”, concluiu Drauzio.
Drauzio e Di Genio se conheceram nos anos 1960 e fundaram, junto com os médicos Roger Patti e Tadasi Itto, o curso preparatório para universidades Objetivo.
“Foi gigante e deixa um legado de realizações. O gênio visionário e criador do grupo Unip/Objetivo foi líder em inovação educacional e inspirador de muitas gerações de empreendedores da educação em todo o Brasil. Certamente nos fará muita falta”, lamentou Celso Niskier, diretor presidente da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) e secretário-executivo do Fórum das Entidades Representativas do Ensino Superior Particular.
Para o presidente do grupo SEB, Chaim Zaher, Di Genio foi um revolucionário da educação. “Tudo o que sei sobre educação, aprendi com ele, a partir do seu exemplo. Tenho orgulho de ter sido discípulo de um mestre inovador, visionário e realizador”, escreveu em nota. “Portador de QI elevado, Di Genio idealizou escolas para crianças superdotadas e especialmente habilidosas, valendo-se inclusive da tecnologia. Dizia, com razão, que a inteligência e os talentos deveriam ser tratados como a maior riqueza de um país”, acrescentou. “Fará falta na educação e deixará saudades. Fica aqui minha eterna gratidão”.
Segundo o professor e ex-secretário municipal de Educação de São Paulo, Gabriel Chalita, Di Genio pensava a educação de maneira mais profunda e não apenas como negócio. “Foi além do império econômico, quis ampliar possibilidades de acesso ao ensino universitário, inovou nas metodologias de aprendizagem, formou uma geração de profissionais bem sucedidos. Descanse em paz”, escreveu no Twitter.
“Multi talentoso, inteligente, hábil nas relações pessoais e empresário com grande senso estratégico, Di Genio construiu uma trajetória única. Rejeitou as diversas propostas de compra da Unip, bilionárias, e não pensou em abrir o capital da empresa na Bolsa de Valores. Manteve-se só com seu time de confiança que o acompanha há décadas, com raras aparições sociais e avesso à exposição pública. Deixa uma legião de professores, estudantes e funcionários órfãos de sua liderança leal e duradoura. O Brasil perde com sua partida”, afirmou a presidente da Associação Nacional das Universidades (ANUP), Elizabeth Guedes.
Maria Helena Guimarães, presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), também destacou o legado do empresário. "Muito criativo e inovador, investiu em projetos que marcaram a história recente da educação brasileira como um novo modelo de cursinho para o acesso ao ensino superior; a introdução da EAD no ensino superior; o uso de tecnologias nas escolas Objetivo de educação básica, um modelo de larga escala para a expansão do ensino superior privado, e assim por diante. O mais importante foi sua dedicação ao ensino, gostava da sala de aula, do contato com os estudantes , sempre comprometido com a melhoria da qualidade e democratização do acesso ao ensino superior. Uma grande perda para a educação. Meus sentimentos à familia."
