Já podemos enxergar o fim da epidemia, mas não podemos dizer que já chegamos lá, a afirmação é do coordenador do Observatório Covid-19, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Carlos Machado. "Terra à vista, dá para anunciar".
Porém ainda temos que manter cautelas até chegar ao porto seguro, diz ele. Entre elas, manter o uso de máscaras, independentemente da opinião das prefeituras, higienização das mãos, mesmo em lugares abertos, onde possa haver aglomeração.
Para festas privadas, bailes em casas de festas e clubes, o último Boletim do Observatório divulgado quinta-feira, sugere que se exija o comprovante de vacinação.
"Mesmo que haja repique no número de doentes depois do Carnaval", segundo ele, "não devemos ter uma alta semelhante às que tivemos anteriormente, graças ao aumento da vacinação em todo o país".
Machado aponta a desigualdade na vacinação entre as capitais e as cidades do interior, principalmente as mais pobres, como um risco para o aumento da contaminação durante o feriado, quando se acelera a circulação da população.
"A diferença média de vacinação", calcula a Fiocruz, "é de 20 pontos percentuais a menos nas cidades do interior, tanto para a primeira quanto para a segunda dose. Quanto mais pobre e distante a cidade maior a diferença para as capitais", comenta.
Especialmente entre os idosos, a vacinação tem sido mais deficiente nas cidades menores e mais pobres, avalia o pesquisador. Para ele seria recomendável ainda a aceleração na vacinação de crianças e adolescentes para conter mais rapidamente a contaminação.
"É importante apontar que já podemos enxergar o fim da epidemia, até para a saúde mental das pessoas", argumenta Machado, "além do mais há um quadro promissor no desenvolvimento de medicamentos e tratamentos novos para a doença".
"Já vemos um horizonte, todos nós queremos o fim da epidemia, mas ainda não chegamos lá", sintetiza. O Boletim do Observatório Covid-19 alerta que "a epidemia não terminará", enquanto houver descontrole dos indicadores num só município.
"Não é possível", continua o texto do boletim, "pensar em mitigação da pandemia no Brasil como um todo utilizando indicadores globais do país, sem um olhar atento para outras escalas". Mato Grosso do Sul e Distrito Federal ainda estão em situação crítica, no que se refere a ocupação de leitos de UTI, 80% ou mais.
O último boletim epidemiológico da Fiocruz InfoGripe mostra queda na tendência de casos notificados de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), em 22 dos 27 estados do país, sendo o vírus da Covid-19 ainda predominante, nos testes de laboratório.
Apenas três capitais do país apresentam tendência de crescimento no longo prazo (seis semanas): Boa Vista, Teresina e Cuiabá.