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    Aplicativos que medem saturação de oxigênio podem otimizar atendimento médico, sugere estudo

    Para avaliar a efetividade do uso dos aplicativos móveis para a medição da saturação de oxigênio, especialistas avaliaram 182 pacientes internados por sintomas respiratórios

    Aplicativos móveis para a medição da saturação de oxigênio não devem ser usados fora de um contexto clínico, afirma biomédica
    Aplicativos móveis para a medição da saturação de oxigênio não devem ser usados fora de um contexto clínico, afirma biomédica Towfiqu Barbhuiya/Unsplash

    Lucas Rochada CNN

    em São Paulo

    Avanços associados à área da medicina buscam aumentar a agilidade no diagnóstico de doenças e na eficácia dos tratamentos clínicos. Aplicativos móveis para a medição da saturação de oxigênio se tornaram populares com a pandemia de Covid-19.

    Capaz de medir a oxigenação dos usuários, a tecnologia permite detectar a hipóxia silenciosa, condição em que os níveis de oxigênio no corpo estão baixos e podem causar danos a órgãos vitais se não forem detectados a tempo. O uso correto da ferramenta pode oferecer benefícios na avaliação clínica via telemedicina.

    É o que aponta um novo estudo conduzido por pesquisadores do Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo. Para avaliar a efetividade do uso dos aplicativos móveis para a medição da saturação de oxigênio, os especialistas avaliaram 182 pacientes internados por sintomas respiratórios.

    Detalhes da análise

    Todos os pacientes que participaram do estudo foram submetidos à medição da saturação de oxigênio usando o método tradicional, por meio do dispositivo de dedo Welch Allyn. Eles também passaram por um monitoramento dos sinais vitais e uma avaliação de dois minutos pelo aplicativo móvel Binah.

    A análise apontou diferenças mínimas entre os métodos de medição da saturação de oxigênio: apenas 2% em 85% dos casos. Em uma das comparações, que utilizou o método Bland-Altman de comparação de dados, usado para analisar a concordância entre dois ensaios diferentes, a diferença média foi próxima de zero: 0,835.

    Os pesquisadores concluíram que as medições feitas usando o aplicativo móvel tiveram uma capacidade média de detectar pacientes com níveis de saturação de oxigênio alterados em comparação com o método convencional, gerando um impacto moderado na avaliação clínica remota e possibilitando a otimização do encaminhamento à emergência. Embora os resultados ainda não permitam sua utilização de rotina, o estudo mostra que há uma correlação e um potencial a ser explorado.

    “Aplicativos móveis para medição de oximetria são ferramentas acessíveis e fáceis de se usar. Logo, podem ser usados para apoiar a avaliação clínica de telemedicina de pacientes com sintomas respiratórios e potencialmente melhorar o encaminhamento adequado ao departamento de emergência dos hospitais”, afirma Fernanda Vieira Paladino, biomédica do Einstein e uma das autoras do artigo.

    No entanto, aplicativos móveis para a medição da saturação de oxigênio não devem ser usados fora de um contexto clínico, afirma a especialista. “Nosso estudo fornece evidências de que a tecnologia pode ser usada para medir a saturação de oxigênio e pode ser uma ferramenta clínica útil para profissionais de saúde e pacientes de telemedicina, desde que seja utilizada de forma responsável”, diz.

    Para Carlos Pedrotti, gerente do Centro de Telemedicina do Einstein, o principal impulsionador da telemedicina é o avanço das demais tecnologias, como os dispositivos portáteis.

    “A tecnologia é uma forte aliada dos sistemas de saúde. A incorporação de novas soluções pode elevar ainda mais a qualidade assistencial e promover tratamento adequado, mesmo quando o paciente está fora do ambiente hospitalar, sempre considerando-se a individualidade de cada caso”, afirma o médico.

    No que diz respeito ao resultado da pesquisa, ainda segundo Pedrotti, a câmera dos dispositivos móveis evoluiu muito nos últimos anos, apresentando capacidades que muitas vezes superam o olho humano, como precisão, objetividade e reprodutibilidade na análise do espectro de cores. Por isso, aliadas a ferramentas de inteligência artificial, em médio prazo, há boas chances de novos métodos diagnósticos serem desenvolvidos utilizando estas características.

    Legislação

    A lei que regulamenta a prática da telemedicina no Brasil foi sancionada em dezembro de 2022. A legislação estabelece os critérios para o atendimento médico à distância, que ganhou espaço no país com a pandemia de Covid-19.

    Também chamada de telessaúde, a modalidade consiste na oferta de serviços de saúde por meio da utilização de tecnologias de comunicação envolvendo a transmissão segura de dados e informações.

    “A telessaúde abrange a prestação remota de serviços relacionados a todas as profissões da área da saúde regulamentadas pelos órgãos competentes do Poder Executivo federal”, diz trecho da lei.

    Entre as regras estabelecidas pela legislação estão a autonomia do profissional de saúde, o direito da recusa ao atendimento na modalidade à distância pelo paciente e a confidencialidade dos dados.