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Por Camila Alves e Sabrina Rocha — Recife


Em meio a pandemia, atletas do futebol feminino sofrem sem saber o futuro das competições

Em meio a pandemia, atletas do futebol feminino sofrem sem saber o futuro das competições

O Campeonato Carioca está de volta. O Brasileiro tem previsão de retornar em agosto. As autoridades avançam sobre a redução das medidas restritivas e têm, na maior parte dos estados, com treinos presenciais liberados. No futebol feminino, no entanto, o cenário é outro. À espera da CBF e Federações, equipes vivem a indefinição sobre o futuro.

Em Pernambuco, é o caso de Sport e Náutico, que chegaram a estrear pela Série A2 do Brasileiro, em março, pouco antes das partidas serem paralisadas por conta da pandemia causada pela Covid-19.

No Rio Grande do Sul, Grêmio e Internacional retomaram as atividades no masculino desde maio, mas as mulheres seguem com treinos de forma remota. Até porque foram afetadas pelos cortes salariais. O Corinthians também fez reduções, mas se preocupa com o fato de que deve precisar renegociar contratos após ver a Libertadores ser transferida para 2021.

Vice-campeã da Copa do Brasil 2008 com o Sport, Amanda Leite está de volta à Ilha do Retiro após ficar fora da última temporada ao engravidar da primeira filha, Alice. Na visão da atleta, o cenário de crise sanitária evidenciou a realidade do futebol feminino no país.

"Essa pandemia, não digo que veio para piorar a nossa situação, mas para mostrar que a gente mais uma vez ficou em segundo plano."

Amanda Leite e a filha, Alice, em treino no Sport em março — Foto: Reprodução / TV Globo

A falta de condições financeiras para arcar com testes semanais para o novo coronavírus também se torna um problema. Uma vez que os exames são pré-requisito para garantir a segurança dos profissionais em atividade.

Depois de um mês sem jogos, a CBF chegou a admitir a possibilidade de realizar as Séries A1 e A2 em sede única, para minimizar o risco de contaminação pela doença. Mas atualmente, trabalhando com um comitê de gestão de crise em busca de soluções, informou, via assessoria de imprensa, que não está concedendo entrevistas sobre os planos para o Brasileiro.

Sem uma posição da entidade, o departamento a nível estadual também não caminha. É o que diz o diretor do futebol feminino na FPF, Elias Coelho. O Pernambucano estava previsto para iniciar em 21 de abril com seis clubes.

“Estamos esperando uma definição por parte da CBF. Porque temos duas equipes disputando a Série A2 e esta competição está em andamento, porém suspensa. Vamos esperar e ver como vai ficar após o reinício do Brasileiro.”

Final do Pernambucano Feminino — Foto: Camila Alves

No Sport, a coordenadora do futebol feminino do clube, Nira Ricardo, afirma que, sem data definida para retorno das atividades, o elenco recebe orientações online do fisioterapeuta Carlos Brito e do preparador físico Eduardo para realizar os treinos.

Segundo o diretor da modalidade no Náutico, Luiz Cláudio, ainda há a expectativa de desenhar um plano para volta junto à gerência do clube.

“Oficialmente não temos nada ainda encaminhado e orientado para o futebol feminino. O que saiu até o momento, apenas para o futebol profissional. Federação não fez nenhum comunicado. Vamos tentar marcar um momento com a gerência do clube para alinhar.”

Na paralisação, atletas e comissão técnica do Sport receberam dois meses de ajuda de custo a partir do aporte de R$ 50 mil fornecido pela CBF às equipes do futebol feminino. No Náutico, foram três meses, de março a maio, com pagamentos que variam de R$ 300 a R$ 500 para cada.

Com R$ 120 mil à disposição por disputar a Série A1, o Vitória nem sequer repassou o montante recebido pela CBF. Na mesma divisão, o Iranduba-AM, referência no futebol feminino, esbarrou em uma grave crise financeira e chegou até mesmo a lançar uma vaquinha online em busca de recursos para disputar o Brasileiro depois de ficar sem receber do patrocinador.

Futebol feminino do Náutico, no início da temporada de 2020 — Foto: Reprodução / TV Globo

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